A relação do homem com a fauna e a flora do Cerrado vem desde tempos imemoriais. Pesquisas comprovam que os primeiros humanos a perambular pelo Cerrado, há cerca de 11,5 mil anos, já consumiam produtos como o pequi, por exemplo, sendo essa uma importante fonte de nutrientes para as populações pré-históricas.
No que diz especificamente em relação á fauna, a coleta de também ovos ajudou a nutrir sucessivas gerações ao longo da pré-história e da história da região, constituindo-se em elemento primordial da relação homem-natureza. É evidente que o homem muitas vezes interferiu de forma predatória nessa relação, levando muitas espécies à extinção, mas nada como o que tem sido observado nas últimas décadas, com o avanço das fronteiras agrícolas, a aceleração dos processos industriais e de crescimento urbano sobre áreas nativas de Cerrado.
Nesse contexto, o uso sustentável das espécies nativas coloca-se ao mesmo tempo como uma alternativa em potencial para a geração de renda das comunidades e um desafio a ser enfrentado do ponto vista técnico e legislativo.
É no potencial uso sustentável da fauna do Cerrado que está uma das grandes expectativas em relação ao futuro do bioma e das populações humanas que nele habitam. No caso dos mamíferos, já existe tecnologia e legislação para permitir que muitos deles possam ser criados em cativeiro e comercializados legalmente.
O extrativismo sustentável de plantas medicinais para a produção local de remédios e de matéria prima vegetal para artesanato é outra perspectiva do uso da biodiversidade do Cerrado. A coleta das plantas pode se dar de modo sustentável. Mas muitas vezes, a extração em excesso pode representar uma ameaça à sobrevivência das espécies. Por isso, o uso sustentável depende do diálogo de saberes, envolvendo a valorização de conhecimentos tradicionais das comunidades locais e o conhecimento técnico-científico.
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